Estamos chegando na metade desta experiência e quero dividir como está sendo conduzir o piloto Percurso Identidade & Presença no contexto internacional. Hummm… Será que interessa sabre como foi que tudo começou? Bom, eu vou contar até para poder registrar os acontecimentos que, daqui de onde vejo, estão com aquele colorido intenso da vida.
Num belo dia (não sei exatamente se estava belo, confesso!), Agatha Kuiper que é consultora de negócios aqui na Holanda, me referenciou para o Grupo Mulheres do Brasil – núcleo de Eindhoven, como uma profissional para tratar do tema Carreira para mulheres. A indicação resultou em reuniões com a organização, que me propôs fazer uma live no instagram. Eu recusei o convite porque não me senti à vontade em falar diante de um público que eu ainda não conhecia. Minha contra proposta foi oferecer um grupo psicoterapêutico de orientação profissional e de carreira.
Inicialmente pensei em um grupo de até doze participantes, quatro encontros semanais com duração de uma hora cada. Entendi que embora a queixa fosse o dilema que as mulheres brasileiras enfrentam sobre suas carreiras morando em outro país, a demanda que eu poderia atender era abrir um diálogo respeitoso e saudável sobre Identidade Profissional. Eu falo mais sobre a diferença entre queixa x demanda aqui.
Minha oferta não foi recebida por unanimidade pela organização, mas a maioria presente confiou e topou rodar o piloto. Escolhi o nome do (per)curso e produzi materiais para divulgação, sempre atenta em atrair as pessoas que pudessem realmente se benificar com a proposta. Por isso gravei vídeos para esclarecer os objetivos e gerar identificação com o conteúdo e o formato do trabalho. O número de pessoas inscritas ultrapassou o número de vagas e seguindo o acordo previamente estabelecido, eu teria que selecionar as candidatas com base nas motivações que elas redigiram na ficha de inscrição. Mas aí aconteceu que todas justificaram seus interesses tão bem que eu decidi abrir mais duas turmas e acomodar todo mundo. Fiz eu mesma a comunicação por email e demos início aos encontros.
Eu tenho muita experiência com atendimento psicológico em grupo, ainda mais em orientação profissional e de carreira, então caberia aqui uma indagação sobre o porquê de chamar de “piloto” um serviço consolidado e oferecê-lo gratuitamente. Pois bem, faz dez meses apenas que cheguei nesta terra chamada Holandinha e pouca gente me conhece aqui. Neste início de jornada, eu quero é mais que as pessoas saibam da qualidade do meu trabalho. Então se você, leitor(a), está achando que me voluntariei motivada pelo altruismo, entenda que não foi movida exclusivamente pelo desejo de ser útil. Trata-se de uma decisão estratégica de negócios. Penso que quanto mais pessoas forem impactadas positivamente pelo meu trabalho, melhor a construção da minha reputação e maior a probabilidade de crescimento para o meu consultório.
Chamo o grupo psicoterapêutico de percurso, porque a proposta é caminharmos juntas por esta jornada, que NÃO É um curso, porque eu não estou ali na função de professora que ensina um conteúdo. Eu assumo diante da turma, uma função terapêutica de quem faz perguntas e propõe reflexões, de modo a orientar o caminho de cada uma presente. Nota: eu não conduzo, eu não indico o que devem fazer com suas vidas. Inclusive faz parte do processo de orientação profissional, sacudir e acolher para que entendam sua responsabilidade em decidir e escolher. O meu trabalho é garantir que as decisões sejam tomadas de forma consciente.
Os encontros têm sido enriquecedores, as pessoas comprometidas, engajadas nas atividades e participando dos diálogos. Ao final de cada sessão, tenho solicitado o preenchimento de uma avaliação anônima, notas altas para a relevância do tema, o domínio do assunto pela profissional, didática e estrutura da plataforma; o que tem sido alvo de críticas é o tempo de duração que não tem sido suficiente para assimilar o conteúdo e dar o espaço que as participantes gostariam. Tanto que para os dois encontros seguintes, combinamos aumentar para uma hora e meia. Estou muito feliz com os resultatos parciais e planejando um encontrão de todas as turmas no dia 6 de maio. Ah pandemia… Que falta me faz uma aglomeraçãozinha com café e bolo de fubá! Vamos de encontros online até quando for mais seguro para saúde de nós todos.