Como é que faz para escolher uma carreira em outro país? Como definir em quê investir o precioso (e às vezes escasso) tempo que temos, onde apostar o nosso suado dinheiro e energia quando estamos decididas em retomarr às atividades profissionais mas não se sabe exatamente fazendo o quê?
Eu não vejo outro jeito de começar esta conversa se não falando sobre IDENTIDADE. A nuvem de palavras abaixo retrata o resultado de um dos exercícios que proponho nos grupos psicoterapêuticos de orientação profissional, em que as participantes mencionam palavras que vêm a mente quando escutam a palavra identidade. Meu objetivo com esta atividade é acessar livremente as referências que se tem a respeito do que é identidade, estimulo a pensar se é entendida como fixa ou pode ser transitória e se ela está mais relacionada com autoconhecimento ou reconhecimento.
Há muitas definições possíveis para identidade, mas eu penso que é mais acertado falarmos de construção identitária ou construção da identidade, porque se trata mesmo de algo em movimento, que pode variar conforme as circunstâncias. Nossa identidade vai sendo formada e transformada na medida em que os nossos atributos e características são reconhecidos e validados pelo grupo social a que estamos inseridas. A identidade de uma pessoa depende do olhar do outro, e este “outro” é a comundiade em torno. Portanto, a sua identidade está condicionada ao que a comunidade enxerga em você e quando você não se reconhece nas características que lhe são atribuídas, se dá conta de que está em meio a uma crise de identidade.
Te convido a fazer as seguintes perguntas a si mesma: “quais atributos ou características minhas não foram reconhecidas pela comunidade (ou grupo social) e que ocasionou minha crise de identidade?”, “quais características me foram atribuídas pela comunidade (ou grupo social) que ocasionaram a minha crise de identidade?”
Estar em outro país significa, muitas vezes, ter que aprender o idioma e encontrar limites na comunicação. Expressar opiniões e ideiais, argumentar e se posicionar sobre os assuntos podem não ser mais tão naturais e espontâneos, gerando uma sensação de que nossa audiência não reconhece nossa inteligência e sensibilidade, estas pessoas que queremos tanto agradar, nos vincular, no final do dia não sabem do que somos capazes.
Não demora muito e os questionamentos a respeito da nossa presença começam a aparecer: “quem eu sou?”, “o que eu faço?”, “o que eu faço resume quem eu sou?”, “como se dá a minha presença neste cenário?”, “como eu me apresento?”
O Percurso Identidade & Presença no contexto internacional para as mulheres brasileiras que moram em outro país convoca ao agir com intencionalidade, que nada mais é do pensar sobre quais são a suas intenções neste lugar, nesta vida.
Daí vai ter gente que vai chamar isso de propósito; eu gostaria que, por enquanto, a palavra “propósito” fosse incorporada a esta discussão como um sinônimo para intenção, sem entrar numa questão metafísica do que signfiica o propósito.
Quando por qualquer mortivo a gente faz algo e diz que “foi sem querer”, “eu não fiz de propóstio” ou ainda, “eu não tive a intenção”, veja, a gente pode derrubar um copo no chão sem querer (acontece); mas a nossa vida, para o nosso bem e de quem está ao nosso redor, é recomendável e justo que tenhamos uma intenção para ela.