Ansiedade normal, ansiedade patologica, crise de pânico.

Ansiedade é um elemento adaptativo, chegamos até aqui porque contamos com níveis de ansiedade significativos que evitou nossa morte, nos prepararam para situações desconhecidas e de perigo.

A apresentação da ansiedade

A manifestação da ansiedade vem acompanhada de reações do sistema nervoso autônomo, então não é como se a pessoa pudesse voluntariamente controlar os sintomas, que inclui, a aceleração dos batimentos cardíacos, a alteração do ritmo da respiração, por exemplo. Ela não faz por querer e nem consegue desfazer apenas com a força de vontade. Para uma melhor compreensão, é preciso ter em mente que o corpo ansioso está se preparando para enfrentar uma grande treta. Para garantir a sobrevivência, é disparado um alarme em que todos os “departamentos” se atentam para resolver juntos o problema. Além da taquicardia e respiração ofegante, a pupila dos olhos pode se dilatar para ampliar o campo de visão, há aumento de suor para regular a temperatura do corpo e os pensamentos ficam todos concentrados e de maneira repetida na situação estressora.

Então vamos imaginar que durante uma trilha ouve-se o chocalho de uma cascavel, os vasos sanguíneos vão se dilatar para o sangue circular mais facilmente para um corpo que precisa fugir ou subir em uma árvore ou pular dentro de um rio. A respiração será alterada, todos os demais pensamentos serão substituídos por esta única preocupação, se o corpo tinha fome ele não vai pensar nisso agora, a remota ideia de comer algo lhe embrulhará o estômago, em algumas ocasiões o que tinha dentro poderá ser colocado para fora.

Pois bem, uma vez que a fuga foi bem sucedida, aquele corpo ansioso, que agora se vê fora de perigo, está exausto. O gasto de energia foi muito além do habitual, não há disposição para absolutamente mais nada, só é possível descansar para se recuperar.

Não, não vivemos mais na selva, mas a mudança de cenário aconteceu tão rápida que o nosso corpo ainda apresenta reações instintivas para garantir a preservação da espécie. Está cada vez mais comum, as pessoas apresentarem não só a ansiedade normal, como também a versão patológica.

Quando reconhecer que a ansiedade é um problema, ou seja, patológica?

Classifica-se como patológica, quando a ansiedade se manifesta em níveis desproporcionais ao evento estressor. A pessoa que se safou da cascavel apresentou um episódio de ansiedade congruente com a situação de perigo. Quando não há ameaças no entorno que justifique as crises de ansiedade, é hora de procurar ajuda profissional de psicóloga(o) ou de psiquiatra. Porque a pessoa ansiosa vai experimentar cotidianamente um ciclo de sofrimento intenso: fadiga por não conseguir descansar entre uma crise e outra, dificuldades para manejar os pensamentos intrusivos que normalmente são conteúdos de cunho fatalistas, desastrosos e de fracasso; a pessoa não consegue adormecer e quando dorme, tem seu sono interrompido.

Qual o diagnóstico de quem tem ansiedade?

Não é possível fechar diagnóstico conhecendo apenas um dos sintomas. A ansiedade consta como sintoma em diferentes transtornos mentais, como por exemplo, Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, inclusive é bastante comum pensamentos ansiosos em quadros de Depressão. Por isso é importante passar por uma avaliação com especialista, pode ser profissional da psicologia ou da psiquiatria.

Como ajudar em uma crise de ansiedade?

Vai depender de quão grave é a crise e quais os recursos que você tem no momento. Sempre que possível busque ajude profissional, um pronto atendimento com equipe de saúde mental de plantão será o melhor dispositivo. Na impossibilidade, fique ao lado da pessoa em crise e diga que você vai está ali com ela para passar por isso juntas. Evite dizer que “vai ficar tudo bem” ou que “não é nada”, o sofrimento é real porque as ameaças são interpretadas como reais pela pessoa em crise, minimizar o que ela está sentindo vai aumentar a sensação de desamparo e o efeito será o contrario de acalmá-la.

Gosto muito de uma série que só conheci ano passado: This Is Us, em que Randall apresenta sua técnica para lidar com crises de ansiedade, que consiste em imaginar o pior cenário para aquele evento estressor e falar em voz alta para quem for seu intelocutor no momento. Embora pareça uma brincadeira inofensiva, se bem conduzida, ajuda a pessoa em crise a racionalizar e perceber que possivelmente ela tem recursos disponíveis para lidar com as consequências até mesmo do pior cenário para aquela situação.

Se a pessoa em crise é você, não negligencie seu sofrimento. Procure ajuda, divida isso com pessoas da sua confiança e o quanto antes busque ferramentas para lidar com a ansiedade. Atividades físicas, alimentação equilibrada e práticas meditativas podem auxiliar, mas não são, por si só, tratamento adequado. Você precisa de uma avaliação e tratamento psicológico eficaz para ter sua vida de volta.